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Inadimplência atinge 5,3 milhões de micro e pequenos negócios e bate recorde

26/06/2019

inadimplência de micro e pequenas empresas atingiu 5,3 milhões de negócios em março de 2019, batendo o recorde da série histórica iniciada em março de 2016. Isso foi o que mostrou um levantamento realizado pela Serasa Experian. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, houve uma alta de 6,9%. Já em relação a fevereiro, o aumento foi de 0,7%. O resultado foi motivado pela alta da inflação, somada ao fraco desempenho da atividade econômica.

“Existem algumas variáveis econômicas que impactam a inadimplência. No caso das pessoas físicas, é o desemprego. No das empresas, é o crescimento econômico. Se isso não acontece, os negócios ficam com muita dificuldade”, comparou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Para não se endividar, Rabi recomenda não trabalhar no limite de gastos e manter uma margem para cortar, se for necessário:

“Com a economia patinando, as vendas acontecem em volume abaixo que o previsto, mas as despesas continuam iguais. Esse descasamento entre estrutura de custos e receita faz com que fluxo de caixa das empresas não responda ao que seria necessário para manter pagamentos em dia”.

A região Norte concentrou a maior alta (8,2%) em março de 2019, na comparação com o mesmo mês de 2018. Em segundo lugar, apareceram o Sudeste, com crescimento de 7,8%, seguido pelo Centro-Oeste (7,5%). Sul (6,9%) e Nordeste (3,4%) surgiram na sequência.

O Rio de Janeiro foi o segundo estado com maior alta, com 13,5%, atrás somente do Amapá (14,8%). Em seguida, vieram Mato Grosso (12,6%) e Pará (9,7%). Apenas três estados apresentaram queda na mesma relação: Alagoas (-0,8%), Piauí (-1,6%) e Rio Grande do Norte (-0,6%).

Por segmento

Na análise segundo segmento empresarial, o setor “Serviços” foi o que mais deixou de pagar as contas em dia, com alta de 11,6%, na comparação com março de 2018. A indústria veio na sequência, com aumento de 3,2%, e o comércio com crescimento de 2,8%, no comparativo anual.

Para a economista e coordenadora do Mestrado do Ibmec/RJ Ana Beatriz Moraes, o hábito cultural predominante no Brasil de não investir tempo em controle financeiro reflete no excesso de gastos:

” A maioria das micro e pequenas empresas é carente de gestão e de conhecimento de organização financeira. É preciso ser criterioso para saber no que vale a pena gastar e no que se deve economizar. Um exemplo é a compra de um carro, em que há gastos escondidos, como IPVA e manutenção. Então, é melhor pensar em alternativas, como trabalhar com carros alugados e aplicativos”.

Empresas de todos os portes no vermelho

A inadimplência de empresas de todos os portes também bateu recorde em março deste ano, atingindo 5,7 milhões. Este é o maior número de série história, que em fevereiro de 2018 estava em 5,6 milhões, imprimindo uma alta de 0,8%. Quando comparada a março de 2018, o volume foi 4,5% maior.

De acordo com o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, pegar crédito com bancos e financeiras para pagar outras dívidas não é boa solução:

“A única situação em que é recomendável pegar crédito é se esse for mais barato e de prazo mais longo que as dívidas vencidas. Isso é muito difícil acontecer! Porque quando empresa está negativada, as linhas de crédito com melhores opções de juros desaparecem. O risco para o banco ou a financeira passa a ser maior, e os juros ficam muito altos”.

Por isso, Rabi recomenda mapear os principais credores e iniciar a renegociação antes que as dívidas assumam tamanho impagável.

A reorganização das finanças de uma empresa pode levar de um a dois anos, pois é uma processo de ajuste e muita dificuldade. Deve- se, especialmente, cuidar das despesas fixas porque são elas que podem levar a companhia a uma crise.

“É recomendável que pessoas que estão começando a empreender recrutem para o time profissionais com experiência anterior em negócios ou, se possível, contratem uma consultoria especializada para fazer a gestão. Assim, poderão focar no que sabem fazer — seja uma atividade relacionada a vendas ou prestação de um serviço —, e não acumular funções nem confundir o movimento financeiro da empresa com o dinheiro de seu pró-labore, fruto daquele trabalho”, diz o contador e consultor tributário Francisco Arrighi.

Pequeno empresário é sobrecarregado

Existem vários erros financeiros que as empresas de pequeno porte cometem e que podem contribuir para uma situação de mau desempenho e prejuízo. De acordo com o economista Sérgio Dias, o mais comum é não ter metas e objetivos definidos, além de uma inadequada imobilização em estoques, com compras de insumos e produtos acima do necessário, e circulação de dinheiro mais lenta e em prazos mais dilatados.

Fonte: Extra.Globo

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